February 14, 2022 4:33 pm
Conheça tudo sobre o Molly’s Game: o jogo de poker dos famosos
A história de Molly Bloom e sua atuação no mundo do poker é digna de cinema. E foi o que aconteceu. Molly Bloom organizava jogos clandestinos de poker high-stakes com milionários e astros de Hollywood. Entre eles, Leonardo DiCaprio, Matt Damon e Ben Affleck. Contudo, nem tudo foi flores na vida de Molly Bloom.
Depois de seu nome aparecer durante uma operação do FBI contra a máfia nova-iorquina, um empresário de Los Angeles a citou em um esquema de lavagem de dinheiro, e essa vida dos sonhos entre poker e celebridades ficou comprometida, até que então Molly decidiu contar sua história de vida.
Seu livro inspirou o filme “A Grande Jogada”, de 2017. Por causa do sucesso alcançado, o livro foi lançado no Brasil com o mesmo título do longa. Nesse artigo, vamos conhecer melhor a vida de Molly Bloom: como ela se tornou “a empresária do poker” e toda a repercussão dessa sua trajetória.
A vida de Molly Bloom e como tudo começou
Ela nasceu no estado do Colorado em 1978. Seus pais a criaram para que se tornasse uma estudante exemplar ou uma atleta como seus dois irmãos: um se tornou cirurgião, formado em Harvard e o outro, esquiador olímpico e profissional de futebol americano.
Na adolescência se tornou uma esquiadora e seu objetivo era representar o país nas Olimpíadas, mas um grave acidente a tirou do esporte. Em 2003 formou-se na Universidade Estadual do Colorado, em Ciências Políticas e mudou-se para Los Angeles, Califórnia.
Los Angeles, o início de tudo
Começou a trabalhar como garçonete. No ano seguinte, foi contratada para ser assistente de Darin Feinstein, um dos proprietários da super badalada casa noturna ‘The Viper Room’. Frequentado por famosos da música, do cinema e da moda como, Johnny Cash, Tom Petty e Bruce Springsteen.
A boate passou a ser ponto de encontro para jogos de poker da alta elite. A ideia era que os cash-games fossem com stakes altíssimos e só pudessem participar famosos e milionários. A sugestão veio do ator Tobey Maguire, que interpretava o Homem Aranha na época.
Molly Bloom, servia as bebidas e comidas aos jogadores e cuidava da organização, como contar enormes quantias de dinheiro, enquanto aconteciam as partidas. Logo na mesa do primeiro jogo estavam Tobey Maguire, Leonardo DiCaprio, o diretor Todd Phillips e o produtor Houston Curtis.
Nas partidas da famosa boate não participavam jogadores profissionais de poker, apenas os tops da indústria de entretenimento e milionários. Logo a notícia se espalhou e, em pouco tempo, todos os poderosos e milionários de Los Angeles queriam participar dos jogos.
Pouco meses depois do seu início já aconteciam dois jogos por semana no ‘The Viper Room’. Para Molly Bloom, na ocasião com 25 anos, tudo aquilo era fascinante e lucrativo. Chegou a ganhar US$7.500,00 em gorjetas em uma única noite, ao mesmo tempo que via famosos de Hollywood competindo no mesmo ambiente em que ela estava.
Até 2007, Molly Bloom era encarregada de recrutar novos jogadores. Participava de eventos e festas a procura de quem se encaixava no perfil para participar das jogatinas. Mas a relação profissional entre ela e Darin Feinstein era muito turbulenta. Ele vivia a demitindo e recontratando; chegou a deixar de lhe pagar por causa das altas gorjetas que ganhava.
Quando foi mais uma vez demitida, pegou a lista de contatos dos jogos promovidos nos porões da famosa casa noturna e começou, ela própria, a organizar os eventos de partidas de poker.
Molly’s Game – O Jogo da Molly
Para atrair esses famosos e magnatas que participavam das mesas high-stakes do The Viper Room, ela precisou criar algo que os atraísse para quererem participar dos jogos promovidos por ela. Para isso elaborou 4 regras:
- Cuidar para que os jogadores se sentissem bem confortáveis;
- Trazer novos participantes para a mesa;
- Se tornar insubstituível e,
- Ter em mente que tudo gira em torno do dinheiro.
Os jogos high-stakes aconteciam em quartos de hotéis de luxo, com direito a massagistas, garçons e belas mulheres à disposição dos jogadores. Em um curto espaço de tempo, Molly Bloom estava milionária.
Tinha tudo que queria comprar: carro, apartamento, obras de arte, roupas e sapatos de grife. Ficou conhecida no meio como a “princesa do poker”. Os valores dos buy-ins saltaram dos US$10.000,00 para US$50.000,00. Chegou a ganhar US$200.000 em uma noite. Foi o auge de sua carreira como grande empresária do poker.
De Los Angeles para Nova York
Em 2008, a crise financeira assolou o mundo inteiro. A insegurança fez com que alguns dos participantes habituais dos eventos de Molly Bloom quisessem tomar o controle das grandes mesas. Um deles foi Tobey Maguire que, não gostando da forma como ela conduzia os cash-games, ajudou outro jogador a organizar as próprias partidas. Não conseguindo mais continuar com seu negócio em Los Angeles, ela se mudou para Nova York.
Começou a organizar uma nova série de jogos de poker por lá. Ela disse em seu livro que era em Nova York que o dinheiro realmente estava. Eddie Ting, que já dirigia outros jogos na cidade, aproximou-se de Molly Bloom e conseguiu levar todos os clientes dela para o próprio negócio. Mais uma vez, o empreendimento de Molly Bloom ruiu.
O Declínio de Molly Bloom
Em Nova York, ela contratou um motorista de descendência italiana que propôs a ela que fizesse uma parceria com uns conhecidos seus de Nova Jersey. Molly Bloom quis conhecer as pessoas, mas recusou a proposta.
Em represália, os mafiosos invadiram seu apartamento, roubaram seus pertences e dinheiro e ainda a espancaram. Uma forma de coibir e ameaçar para que ela cedesse às exigências deles.
Eles acabaram sendo presos em uma operação do FBI contra a máfia em Nova York. Não muito tempo depois, um empresário que frequentava as mesas de jogos de Molly Bloom, em Los Angeles, foi indiciado por fraude.
Em seu depoimento, acusou Molly Bloom de o ter atraído para o jogo e, a partir daí, se tornou viciado por apostas. Todo o esquema de cash games High-Stakes clandestino veio a público.
Em 2013, foi presa e acusada de participação em um esquema de apostas do crime organizado. Chegou a ser condenada a 10 anos de prisão. No ano seguinte, o tribunal declarou que Molly Bloom não tinha maiores envolvimentos com o esquema e sua sentença foi de um ano em liberdade condicional, mais uma multa de mil dólares e 200 horas de serviços comunitários.
Ao mesmo tempo que todas as suas atividades vieram à tona, envolvendo nomes de famosos e pessoas influentes. A carreira de Molly Bloom como ‘dama do poker’ estava totalmente destruída. O que lhe restou foi uma dívida de milhares de dólares.
Voltou para sua cidade natal, para sua família. Lá ela encontrou o que precisava para poder conseguir avaliar e superar todas as consequências de seus negócios desenvolvidos desde que saiu do Colorado.
A nova sacada de Molly Bloom
Toda essa história narrada até aqui, é descrita em maiores detalhes na autobiografia que Molly Bloom lançou em 2014, nos Estados Unidos. Ela manteve o nome de alguns dos principais envolvidos em sigilo. Em pouco tempo o livro se tornou um best-seller no país.
Não demorou muito para que Hollywood quisesse transformar a sua história em um longa-metragem. Em 2017, foi para as telas do cinema “Molly’s Game”, com o roteiro adaptado de seu livro. No Brasil, o filme ganhou o nome de “A Grande Jogada”.
Foi a estreia de Aaron Sorkin como diretor. Antes consagrado como roteirista pelos roteiros escritos para os filmes “A Rede Social” (onde ganhou um Oscar pelo trabalho), “Moneyball” e “Steve Jobs”.
No elenco de “A Grande Jogada”, atores como: Kevin Costner, Michael Cera, Idris Elba, Chris O’Dowd e Jessica Chastain no papel de Molly Bloom. O anonimato de alguns personagens do livro se mantiveram: Tobey Maguire é o Jogador X e Darin Feinstein é Dean Keith.
O filme obteve um grande sucesso e concorreu a diversas indicações. No Oscar, Prêmio Globo de Ouro, Critics Choice Awards e Writers Guild of America Award, na categoria de Melhor Roteiro Adaptado.
Jessica Chastain foi indicada como Melhor atriz no Prêmio Globo de Ouro e Critic’s Choice Awards. E “A Grande Jogada” disputou como melhor filme no Prêmio do Sindicato de Produtores da América.
Uma história que mereceu ser levada às telas
Em apenas 10 anos, Molly conseguiu alcançar uma vida suntuosa em meio a uma elite privilegiada, mas que acabou não dando muito certo para ela. Entretanto, convenhamos, ser responsável por organizar os jogos de poker entre as estrelas e milionários de Hollywood deve ser um ótimo trabalho.
Molly conseguiu juntar milhões de dólares organizando cash games high-stakes com jogadores multimilionários e personalidades americanas famosas, entretanto, por ter optado pela clandestinidade ao invés da legalização, acabou com uma grande dívida e problemas com o FBI.
Hoje em dia, Molly deu a volta por cima e a sua história “louca” de vida é o que lhe atrai mais contratos, divididos entre filmes, livros e afins, além de saber dos maiores segredos de celebridades que sequer imaginamos. É uma aventura para poucos!
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