Leo Margets: primeira mulher a conquistar um bracelete da WSOP 2021

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December 25, 2021 11:33 pm

Leo Margets: a primeira mulher a conquistar um bracelete no WSOP 2021

Leonor Margets, ou como é conhecida Leo Margets profissional do poker da Espanha, participa da World Series of Poker desde 2009. Após duas décadas com participações expressivas na série, a espanhola venceu o Event #83, torneio aberto da WSOP 2021. Leo Margets conseguiu uma virada impressionante para chegar até seu bracelete que vale a pena ser contada.

Neste artigo, iremos conhecer um pouco da carreira de Leo Margets no poker e como foi a sua jornada até ela chegar à mesa final e se tornar campeã. 

As mulheres no poker, mesmo sendo uma grande minoria, vêm mostrando grandes feitos na WSOP nos últimos anos. Vale lembrar que, no ano passado, Weiling Gao ficou em 2º lugar no Main Event da WSOP Online.

A carreira de Leo Margets no poker

Leo Margets conheceu o poker em 2006. Em 2008, largou seu emprego para se dedicar completamente ao jogo. Em 2018, tornou-se embaixadora da Winamax onde é uma jogadora assídua no site, com o nick @LeoMargets.

Em seu currículo anterior, se destacam: o 27º lugar no Main Event de 2009, levando US$ 352.832,00 e o 2º lugar no Event # 73: US$1.000 DOUBLE STACK No Limit-Hold’em, em 2018. 

É a primeira jogadora profissional de poker reconhecida na Espanha. Nunca foi a intenção de Leo Margets fazer do poker sua profissão. Só que, desde que teve contato com o poker, aos 22 anos de idade, ela só queria melhorar cada vez mais no jogo.

O primeiro lugar no II University Championship Poker, em 2008, que aconteceu em Barcelona (sua cidade natal e onde reside até hoje) lhe rendeu, além do prêmio de €5.950, um contrato de patrocínio.  

Em 2009, quase que ela não participou da WSOP. Só após muita insistência da sua parte é que seu patrocinador a levou para Las Vegas. Lá, participou do Main Event. O evento contou com 6.943 inscrições. Leo acabou em 27º lugar e com um prêmio de US$352.832,00.

Em sua primeira participação em uma WSOP,  Leo Margets marcou sua presença em Las Vegas: foi a jogadora feminina com o melhor resultado de 2009 e tornou-se a jogadora de poker espanhola mais conhecida.

De lá para cá, já foram 19 torneios disputados na WSOP, 1 bracelete e um montante de US$946.461,00 em prêmios. E pelo que tudo indica, muitos prêmios ainda serão conquistados por Leo Margets nas mesas de poker da WSOP, em Las Vegas.

A conquista do bracelete

Leo Margets ganhou seu primeiro bracelete da WSOP esse ano ao vencer o Event #83: US$1.500 The Closer. Um torneio que teve 1.903 participantes e que gerou uma premiação total de US$2.540.505,00.

Além de Leo Margets, outros jogadores famosos também participaram do torneio: o campeão do Main Event de 2013, Ryan Riess, Chris Moorman, Michael Wang, Yuval Bronshtein, Mitchell Halverson e João Simão eram alguns deles.

Além do tão desejado bracelete, ela ganhou um prêmio de US$376.850,00. Leo Margets foi a única mulher a ganhar em um evento com inscrições abertas na WSOP 2021. Ela se juntou a outra campeã do Event #22: Ladies No-Limit Hold’em Championship, a estadunidense Lara Eisenberg, no rol de campeãs de eventos da WSOP este ano.

A atuação de Leo Margets na mesa final foi um espetáculo à parte. Com uma desvantagem de 5:1 no heads-up, ela conseguiu algo que ninguém acreditava ser possível.

No Dia 2, mais outras duas mulheres acompanharam Leo Margets no torneio: Melanie Weisner, que ficou com o 17º lugar, com o prêmio de US$ 14.740,00 e Cherish Andrews que fez companhia a Leo Margets até a mesa final; ficou em 6º lugar e levou US$ 74.680,00.

O Heads-up

Com a desproporção do número de fichas entre os 2 competidores, ninguém apostaria em Leo Margets. Enquanto o bósnio Alex Kulev tinha 40 milhões, ela tinha cerca de 7 milhões para continuar a jogar. Apesar da grande diferença, em apenas 40 minutos, Leo Margets se tornou a campeã do torneio.

Alex Kulev vinha vindo de uma ótima campanha. Foi o responsável por mandar para casa Arturo Segura em quinto lugar, Marc Lange em quarto, e Stephen Song em terceiro. Todos acreditavam que Leo Margets seria a próxima.

Ela mesma assume o erro quase fatal que cometeu logo no início do heads-up, quando fez um open shove. Tinha calculado errado sua stack, acreditando ter somente 7 bigs. Um erro delicado, mas que fez toda a diferença no resultado final: Margets tinha 9♣ e 4♦ contra A♠ 9♥ de Alex Kulev. No turn, um 4 dobrou o stack da espanhola e a alavancou para a vitória.

Além dessa bad beat em Alex, Leo venceu outros dois all-in pré-flop, conseguindo assim encostar em Alex Kulev. O jogo estava parelho com apenas 2BB de diferença entre os jogadores. Um grande pote decidiu a disputa.

Tudo começou com um limp (sim… um limp)

Após Leo entrar de limp, Alex Kulev aplicou um raise para 2.400.000 e recebeu o call de Margets. O flop veio 9♠ 5♦ e 3♠. 

Foi quando Alex Kulev c-betou 4.100.000 fichas e recebeu um all-in de 20.400.000. Ele deu um insta-call. Leo Margets mostra um Q♠ e um 5♠. Alex Kulev estava à frente com um A♥ e um 9♦.

Só que no turn, um 5♣ deu uma trinca para Leo Margets. O river não mudou nada e após esse pote, a espanhola ficou com 96% das fichas em jogo. Com apenas 1.800.000 fichas, Alex Kulev colocou tudo no centro da mesa na mão seguinte, um T♠ e um 4♥. Leo Margets pagou com K♥ J♦. O flop Q♠ 7♠ e 6 ♣. No turn, 2♦ e no river, 8♥.

A velocidade com que aconteceu a inversão das posições e a vitória de Leo Margets deixou a todos que assistiam atordoados. Talvez esse erro de Leo Margets no início do heads-up tenha ‘quebrado’ Alex Kulev. É possível que ele tenha interpretado como um grande ato de ousadia da jogadora. Como saber?

O fato é que o bracelete parou nos punhos de Leo Margets e como ela mesmo disse: “Que retorno!”. Sim, o retorno da WSOP presencial trouxe muitas emoções dentro dos salões do Rio-All Suite Hotel & Casino, em Las Vegas. 

As mulheres na WSOP

As mulheres são minoria nas mesas de poker. Com exceção dos torneios Ladies. Quando uma mulher vence um torneio tão disputado, como é o caso da WSOP. Ou mesmo quando chega a uma mesa final é algo que chama a atenção. Não por não terem a mesma capacidade de jogo do que os homens, mas exatamente por participarem em um número desproporcional. São pouquíssimas as que jogam. 

Mas as mulheres que decidem se dedicar nos feltros da WSOP, vêm mostrando resultados cada vez mais expressivos. Em 2020 quase que duas mulheres venceram as duas edições do Main Event da WSOP Online.

Wenling Gao, jogadora profissional chinesa, quase conseguiu seu bracelete no ano passado no torneio mais disputado do mundo, o Main Event da WSOP Online 2020. Seu prêmio de US$2.748.605,00 pelo segundo lugar, é o maior já conquistado por uma mulher em uma WSOP.

O recorde anterior, em ganhos, pertenceu à Vanessa Selbst, que recebeu US$2.201.877,00. Selbst coleciona três braceletes e US$11.906.247,00 em premiações.

Apenas Wenling Gao, Annette Obrestad e Barbara Enright (5º lugar na WSOP 1995) chegaram a uma mesa final de um Main Event da WSOP. Aliás, Barbara Enright tem 3 braceletes em sua coleção. Sendo a primeira mulher a vencer um torneio aberto na WSOP. 

Outras mulheres que conquistaram seus braceletes foram Kathy Liebert, Linda Johnson nas WSOPs anteriores. Em 2020, na WSOP Online, três mulheres conquistaram seus braceletes: Kristen Bicknell, Thi Truong e Melika Razavi. 

A visão de Leo Margets sobre o poker

Quanto às mulheres no poker, Leo Margets diz que espera que essa questão sobre o número menor de mulheres que participam de torneios no poker, deixe de ser um problema em um futuro não tão distante.

Ela disse que acredita que a sua vitória possa incentivar outras mulheres a, também, participarem de eventos como esse de poker. 

Para Leo Margets, o poker pode auxiliar as pessoas a tomarem as melhores decisões no dia a dia, por causa das várias percepções psicológicas e matemáticas que passa a quem pratica o esporte.

Veremos quais serão as novas tendências no próximo World Series of Poker em 2022. No entanto, terminaremos esse artigo com uma frase muito coerente dita pela espanhola e que resume aonde o seu foco no poker deve estar: “Você não deve ser obcecado por resultados, mas deve ser obcecado por melhorar”.

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